Povos negros sofreram com a escravidão por 300 anos em média no Brasil, e quando finalmente vencemos esses anos sombrios, o legado social que isso gerou causa danos irreparáveis às pessoas que sofrem com o racismo.
No ano de 2020 infelizmente ainda temos negros sofrendo todos os dias com preconceito por causa da cor de sua pele.
Preconceito racial é um assunto sério que exige reflexão. Ao entrar em um ambiente corporativo, olhe ao redor e veja quantos negros estão presentes e quais posições/cargos eles ocupam dentro da empresa.
A Unitfour entende essa questão como um ponto fundamental para uma sociedade saudável. E por isso, para fazer nossa parte, estamos dando voz a uma de nossas colaboradoras negras para que ela possa expressar um pouco sobre esse assunto que gera tanta discussão nos dias de hoje.
Bruna Evangelista, 31 anos, mulher, negra, coordenadora de relacionamento com o cliente na Unitfour, nos conta um pouco sobre as experiências dela.
- Pode nos contar qual ato de racismo que mais tenha marcado sua vida, ou te magoado?
Fiz uma viagem ao sul do país, onde grande parte da população residente tem a pele branca e o cabelo loiro.
Entre o grupo de amigos com quem estava eu era “a única” negra presente, o que chamava atenção principalmente em lugares públicos, todos me olhavam exageradamente.
Fui a uma grande loja de variedades local, famosa no sul. Na fila do caixa, na minha frente havia uma mulher com uma criança de colo, em torno de 2 anos, com um ursinho no colo. Logo depois que ela pagou a compra e foi pegar a sacola, o ursinho da criança caiu no chão, automaticamente eu abaixei, peguei e ofereci novamente para o menino.
A mãe agarrou com tudo da minha mão, me xingou e saiu correndo, ela agiu como se eu fosse rouba-la ou roubar o ursinho.
Logo depois o segurança veio ao caixa “conferir” se tudo estava bem e eu estava roxa de vergonha, fui taxada e questionada apenas por ajudar uma pessoa próxima a mim. Nada me marcou mais do que isso.
- Como você enxerga o racismo no mercado de trabalho? Você já sofreu, conhece pessoas que sofreram?
Às vezes é velado, outras vezes destilado em piadinhas ou comentários sutis, mas infelizmente está presente.
O racismo precisa ser visto por todos, não só por negros; precisa ser ouvido e tratado em todos os lugares. A luta continua, persistimos em tudo.
Trabalhei num grande banco onde mulheres e negros não são os mais queridos, a liderança é mais velha e duvida da capacidade de mulheres, negros, imigrantes e jovens no geral, te menosprezam e te fazem duvidar de si mesmo apenas porque você é você, negro, mulher, boliviano, nigeriano, etc.
- Como é pra você, mulher, negra, ocupar um cargo de liderança? Como você se sente sobre isso e como foi pra chegar até aqui?
Eu sinto que é uma conquista, uma vitória não só minha, mas dá minha história, dos meus ancestrais. Se hoje, eu, mulher e negra cheguei a um cargo de gestão, alguém antes de mim lutou muito pra que isso fosse possível.
Obviamente o ambiente em que trabalho também me proporcionou isso, viram em mim um potencial a ser explorado além de qualquer outra coisa como sexo, cor, religião ou regionalidade.
Chegar até aqui não foi fácil, trabalhei em dois call centers, onde temos uma completa diversidade de pessoas, estilos, gêneros, regiões e religiões, mas onde a premissa é sempre o respeito a essa diversidade.
Isso me ajudou muito, me deu visibilidade, confiança e segurança. Tive o privilégio de conquistar meu primeiro cargo de liderança numa empresa onde fui promovida pelo meu valor profissional, nada era mais importante do que minhas qualidades e conduta profissional.
Isso se repetiu na Unitfour, onde entrei como atendente e consegui a posição de Coordenadora, uma realização pessoal e profissional.
- Qual o primeiro passo pra acabar com o racismo?
Admitir que ele existe e trata-lo de forma rígida, entender que está presente e que não, não é normal, não é brincadeira, não é piadinha, não é mimimi, é CRIME.
Se colocar no lugar do outro, cada pessoa encara de forma diferente uma situação de preconceito e é triste, degradante, dilacerante, humilhante.
Estamos em 2020, temos a nosso favor a tecnologia que nos possibilita ter acesso a muitas informações. Estamos vivendo um momento social crítico em meio a uma pandemia onde todos estamos tentando sobreviver como pessoas, empresas, sociedade.
É inaceitável que ainda tenhamos negros morrendo, apanhando, sendo ofendidos simplesmente porque são negros.
Não falar ou fingir que não existe porque não acontece com você, é a pior estratégia, porque não gera amadurecimento, consciência, conhecimento de causa e estrutura sociocultural.
Obrigado, Bruna, por dividir conosco um pouco da sua história.
Ela é apenas uma pessoa que vivenciou o racismo na pele. Esperamos que esse texto, esse relato, possa ajudar a minimizar de alguma forma esse problema que só causa tristeza.
Não julgue uma pessoa pela cor da pele, país de origem, opção sexual, religião e nenhuma diferença seja ela qual for. Precisamos entender que as diferenças não podem nos separar, mas sim nos unir. Pessoas são diferentes umas das outras e isso é o que torna o ser humano especial, o poder de aprender e evoluir constantemente.
Se você presenciar algum tipo de racismo, não se cale, se posicione. Precisamos de todos contra o preconceito e intolerância para construirmos uma sociedade mais justa.
NÃO AO RACISMO E A INTOLERÊNCIA!!
Telefone: (11) 3093-2665
Equipe UnitFour, informações certas de um jeito inteligente.